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Foto do escritorArquivo Raw

Ep. 14 - Fotografia para quem não tem nada


Um bate papo com o fotógrafo Pedro Chavedar sobre o projeto que ele mantém de retratar e dar voz à pessoas em situação de rua.




Pessoas em situação de rua
Fotografia social

Roteiro

Temporada: 004

Episódio: 014

Gravação: Henry Milleo

Locução: Henry Milleo

Convidado: Pedro Chavedar



<SOBE MÚSICA

DESCE MÚSICA>


Olá pessoal! Sejam bem-vindos a mais um episódio do Arquivo Raw, um podcast para falar de fotografia. Eu sou o Henry Milleo, sou fotógrafo, editor de fotografia e host disso tudo aqui.


E eu queria começar isso aqui deixando a seguinte questão no ar: Você já pensou o quanto uma fotografia é importante?


E eu não estou falando aqui de importância em relação ao comercial, se esse for o seu ofício, mas de uma questão mais sentimental.


Se você pensou ou não pensou nisso, faça uma pausa e reflita sobre isso. Eu vou para os recados e a gente já volta.


<SOBE MÚSICA

DESCE MÚSICA>


Eu queria começar agradecendo ao pessoal que respondeu a pesquisa sobre o podcast. Vocês são ótimos!


E se você ainda não respondeu, ainda dá tempo. O link está lá na bio do Instagram ou aqui na descrição desse episódio.


É uma pesquisa rápida, leva só um minutinho pra responder, mas já ajuda bastante pra eu saber qual o caminho que o podcast vai seguir.


Então se você puder dispensar esse tempo para contribuir, eu agradeço.


E aproveita e segue o Instagram do Arquivo Raw, que é @arquivo_raw. É por lá que você pode enviar as mensagens e indicações de temas para os episódios e também ficar sabendo do que vai rolar pela frente.


E se você gosta disso daqui, curte o conteúdo, você pode ajudar a manter o arquivo no ar.


É simples e não toma muito esforço.


Uma das formas de fazer isso é ouvindo os episódios lá na Orelo. A Orelo remunera os produtores de conteúdo por episódio ouvido na plataforma deles. Não é muito, é coisa de centavos, mas já ajuda.


Outra forma de contribuir é compartilhando os episódios em suas redes sociais e indicando para aquele seu amigo ou conhecido que você sabe que vai se interessar por isso daqui.


Porque quanto mais o número de ouvintes cresce, mais o podcast tem força para buscar um patrocínio e assim é possível investir em episódios cada vez melhores.


E você também pode classificar o Arquivo Raw no seu tocador preferido. Cinco estrelas seria ótimo, mas você pode marcar quantas quiser.


E por último, você pode contribuir fazendo um pix com qualquer valor para a chave que está na descrição desse episódio.


E é isso. Recados dados, vamos para a vinheta e para o episódio.



<ENCERRA MÚSICA E ENTRA VINHETA

ENCERRA VINHETA E VOLTA SEM MÚSICA>


Então é isso pessoal, Vamos pular direto para o tema do episódio e eu queria já começar agradecendo porque eu não estou sozinho nesse episódio de hoje. Eu estou aqui comigo, com o grande Pedro Chavedar, um grande amigo meu, que faz um trabalho que... eu vou deixar ele falar sobre o trabalho, mas primeiro, antes de tudo, Pedro queria que você se apresentasse, que você dissesse quem é você?


Pedro Chavedar

Bom, primeiro obrigado. Obrigado pelo convite, obrigado pela paciência. A gente tentou marcar mas estava meio corrido. Mas agradeço ao convite, meu amigo. Sempre é um prazer e uma honra conversar com você sobre fotografia.


Cara, meu nome é Pedro Chavedar e eu sou de Mogi das Cruzes, que é uma cidade aqui da Grande São Paulo, cerca de 50 minutos aqui da capital.


Eu tenho 34 anos, sou jornalista de formação e trabalho com comunicação no geral. Então, desde comunicação política até agência de propaganda. Eu também faço fotografia, também escrevo texto, escrevo uma newsletter, gravo podcast, trabalho também com pessoas em situação de rua - que a gente vai falar um pouquinho.


E cara, estou aí na área desde 2009, na área de comunicação. Eu até brinco que eu não sei muito bem o que eu sou.


Tem gente que fala que eu sou um pouco de publicitário, tem gente que fala que eu sou um pouco de jornalista, tem gente que fala que eu sou um pouco fotógrafo, então eu fico aí nesse limbo aí e converso com um monte de gente e faço comunicação no geral.


Henry Milleo

Cara, eu acho que é bem isso mesmo, porque eu acho difícil com a gente….

Eu sempre peço para as pessoas se apresentarem e eu fico dando risada, que vocês não vêm, mas eu fico dando uma risada aqui porque a gente não é uma coisa só. Na verdade, você é uma coisa, mas você também é outra. É a mesma coisa que dizer, sei lá, se você é pai, você é pai, mas você também é filho, porque você também tem um pai.


Então você é fotógrafo, mas você também é cozinheiro, porque você cozinha em casa. Enfim, a gente é multi função assim.


Mas hoje a gente quer falar porque o Pedro, ele tem um projeto que ele trabalha com pessoas em situação de rua e é um projeto que é teu e veio de você, não é? Não é através de uma ONG, de uma instituição, nada. Foi um tema que você escolheu para trabalhar.


A gente até publicou na época que eu tinha uma editora, um livro do Pedro, que era o Vida Loka. Também Ama, que era com retratos dessas pessoas em situação de rua e que ficou bem legal. Eu vou deixar todos os links aqui na descrição do episódio, mas o Pedro também tem um podcast que é o Vida Loka Também Fala, e tem o projeto Vida Loka Também Clica.


Que são os próprios moradores de rua se fotografando. Então tem aí quase um círculo fechado, né? De dar voz e dar e trazer para frente das câmeras e pra trás das câmeras as pessoas em situação de rua.


Eu queria que você contasse um pouquinho - só pra gente começar a entrar na história - um pouquinho de como é que surgiu essa ideia e essa tua relação com as pessoas que moram na rua.


Pedro Chavedar

Cara, eu comecei a fotografar a galera em situação de rua em 2015, aqui em Mogi das Cruzes. Tem uma área central como se fosse uma Vieja Habana, para quem conhece Havana, que é região mais antiga da cidade.


Então aquela parte histórica que muitas cidades do Brasil tem, né? E sei lá, seis, sete quadras por seis, sete quadras, com as igrejas, onde estão as praças, o começo da cidade.


Eu sempre frequentei muito um centro cultural que havia ali, que é o casarão da Mariquinha, do Rabicho, um agitador cultural aqui da cidade. E a gente estava sempre por lá e tinha uma praça na frente, que era o local que as pessoas em situação de rua geralmente circulavam, que virou um polo ali de conexão entre as pessoas em situação de rua e o centro cultural.


E aí, papo vai, papo vem, eu sempre fotografei rua, né? Então eu sempre explorava a rua, a luz e o movimento. As pessoas na rua. E eu também sempre gostei de retrato, então eu sempre passava pela praça e batia aquele papo: e aí, tudo bem? Tudo bem?


Mas eu tentava puxar assunto, tentar puxar, uma conversa, enfim. E aí determinado dia - eu ando com a câmera pendurada - não sei se eu sou louco, ou se eu sou bobo, qualquer coisa do tipo.


Henry Milleo

Um pouco dos dois


Pedro Chavedar

É. Um pouco dos dois. Eu ando com a câmera pendurada e uns caras brincavam comigo: “ei, alemão. Você não vai tirar uma foto minha?”

E assim começou.


Naturalmente, quando eu pensei em começar a fotografar essa galera, o que a gente geralmente pensa é em projeto. Eu sei que você gosta muito de projeto, eu também gosto, então a gente fala: vou fazer isso aí, estruturar, pesquisar, enfim. Mas não teve isso. O negócio foi natural.

Em determinado momento eu vi que eu já tinha um certo material, daí eu comecei a ter esse olhar enquanto projeto.


Então foi uma coisa assim, bem natural, que eles começaram a meio que me cutucar para fotografar eles. Então essa parte da fotografia, do clique em si, foi bem natural.


Mas daí - eu acredito - tem dois pontos que acho que é uma coisa mais inconsciente.


A primeira questão é em relação à minha criação e a meu pai. Ele sempre me levou para essas regiões mais marginalizadas, então desde criança eu vou em estádio de futebol e torcida organizada.


Eu ando de trem com ele desde criança. Eu vou em boteco, eu ando pelo centro da cidade. Ele sempre me levou muitas regiões, ele sempre tratou essas pessoas de igual para igual. Então pra mim elas são sempre olho no olho. Eu nunca olhei de cima pra baixo.


E aí tem uma segunda questão que é como essas pessoas sempre são retratadas, principalmente na imprensa e como a gente vê essas pessoas em situação de rua.


Elas são registradas com teles, com lentes distantes, então as pessoas ficam longe para tirar essas fotos. Geralmente é de costas, por uma questão de respeito ao direito de imagem dessas pessoas.


Henry Milleo

Isso quando tem um respeito ao direito de imagem.


Pedro Chavedar

Exatamente.

Ou elas estão embaixo de cobertores, né? E eu sempre me questionei o porquê das pessoas não chegarem perto.

Não questionam, por exemplo, por que você está na rua? Qual é o seu problema? Qual é a sua história? E aí eu comecei a questionar isso. E por trás de um cobertor tem um homem, tem uma mulher, tem uma trans, tem uma criança, tem um negro, tem um branco, tem uma história.


E isso foi depois de um tempo. Isso não foi uma coisa que eu pensei assim: Nossa, eu vou começar a fotografar por causa desse insight, vamos dizer assim.


E eu comecei a perceber, com o tempo, que se eu chegasse para ouvir, eles iam contar sua história. E aí também isso para mim foi uma questão muito importante.

Tem uma pessoa ali, tem o motivo dela estar deitada no chão.


Henry Milleo

Essa era uma questão que eu ia te perguntar. Sobre a dificuldade do tema, né? Porque você falou - e aqui já entrando pelo projeto - que realmente é difícil mostrar sem cair na mesmice ou sem cair naquele jargão das pessoas de rua que a gente sempre vê na imprensa.


Inclusive eu falei do teu projeto, eu usei de exemplo como mostrar pessoas de rua numa situação mais digna, no bate papo que eu tive com o Toni Pires, presidente da Arfoc de São Paulo.


Pedro Chavedar

Que legal! Obrigado.


Henry Milleo

Inclusive quem não ouviu ainda, pode ouvir lá. Ainda disponível aqui no podcast.


Porque ele também falava desse tema. Por que fotografar o morador de rua? O que isso vai dar para aquela pessoa?


Que é uma coisa que a gente pouco pensa na fotografia e principalmente na fotografia jornalística, né? Porque é uma questão. E foi uma questão que eu deixei aqui no começo desse texto, na abertura, que era: o quão importante é uma fotografia?


Porque assim, para mim. Eu nasci em 75, então eu tive contato com todo tipo de fotografia. Vivia em uma cidade do interior, então a fotografia era uma coisa muito especial, sabe?


Você não tinha acesso o tempo todo. Hoje a gente anda com câmera fotográfica portátil no bolso, todo mundo fotografa tudo, desde prato de comida até uma rachadura na calçada em forma de coração.


Então isso acabou virando uma coisa muito mais efêmera. Mas antigamente - e eu acho que é uma coisa sobre a qual a gente deve voltar a pensar - a fotografia tinha uma importância que ia além de só ser um trabalho para quem é fotógrafo.


Ela tem a importância de documentar um uma família, uma foto de um avô, foto do bisavô, de parentes distantes, de amigos, de um acontecimento legal.


Então a foto é como se fosse um relicário, um resguardo de memória. E essas pessoas, muitas vezes elas não tem nem isso.


Então como que é para essas pessoas o fato de ser fotografado e ter uma fotografia - porque eu sei que você entrega as fotos pra eles.


E também falar um pouco de como que foi o ato de documentar


Pedro Chavedar

Cara, eu acho que isso que você falou é uma das coisas mais importantes. A gente não tem ideia de que essas pessoas, elas não se enxergam. É assim, literalmente. A gente olha pelo nosso celular e vê ali a câmera, uma selfie, por exemplo.


A gente olha no espelho do banheiro e se vê. Onde essa galera se vê?


Então acho que esse é o primeiro ponto. Acho que o Sebastião Salgado falou isso uma vez, que ele foi fotografar um gorila não sei aonde, e o gorila se vê no espelho do reflexo do lago. O gorila se enxerga e eu lembro de uma história dessa.


E é mais ou menos isso. Por exemplo, se você parar para pensar, onde essa galera se enxerga? Ela não se enxerga, ela não se vê. Claro, ela se vê ali num reflexo e tal. Mas ela não tem essa disponibilidade, vamos dizer assim, esse trivial de se enxergar.


Então eu tenho inúmeras histórias de mulheres que pediram depois de serem fotografadas, para deletar a foto, porque se acharam feias, se acharam gordas, enfim acharam - entre muitas aspas, problemas com elas mesmas. Então eu já tive situação que a pessoa recebeu a foto, viu e rasgou Porque ela falou: “essa pessoa que não sou eu”.


Porque ela não se enxergava daquele jeito. Então quando você diz isso, eu acho que a fotografia é isso. E é por isso que eu também prego a fotografia. Ela registra um momento. Você também falou aqui no seu podcast. Eu lembro do instante decisivo que você comentou aqui. É aquele momento. Tem gente que eu fotografei uma vez e o cara morreu três dia depois.


Tem gente que eu fotografo há oito anos e ela continua lá querendo ser fotografada. Então, não sei se eu divaguei muito, mas eu acho que tem essa questão de se enxergar. Eu acho que esse é o primeiro ponto.


O segundo ponto, que é muito importante, e que você falou, é a questão do registro e do documento. E essas pessoas não têm foto delas igual à gente. Que a gente vai no aniversário e tira uma foto. A gente fotografa tudo, a gente se vê toda hora.


Eu estou aqui te vendo, você tá me vendo. Eu faço uma selfie. Essa gente não tem registro da vida e do rosto deles.


E eu tenho registro de pessoas durante cinco, seis, sete anos. Então essa questão de registro histórico eu acho que também é muito importante.


Eu estava fazendo um levantamento há um tempo atrás das pessoas que eu fotografei desde 2015. Umas 20, mais ou menos, já faleceram.


Fora as que sumiram, que eu nunca mais vi. Então assim, será que a família dessas pessoas tem alguma foto? Será que, por exemplo, o jazigo dessas pessoas tem a foto delas? E aí também tem uma questão delas com elas. E elas me pedem fotos das pessoas que também estão na rua com elas.


Por exemplo, eu tenho gente que fala: cara, eu não quero a foto minha, eu quero do fulano, eu não quero dele, eu quero do outro.


E tem o Marquinhos, por exemplo, que é um cara que faleceu. Eu tirei foto dele, passou uma semana, ele faleceu.


E eu fui atrás dele na semana seguinte com fotos impressas dele pra entregar pra ele para ele. Foi quase uma briga na rua, porque todo mundo queria a foto do Marquinhos.


Então também tem isso. É meio difícil a gente ter essa certeza, mas eles também tem esse apego. E talvez seja uma maneira deles se apegarem aos outros, porque eles também são muito sozinhos.


Mas eu estou divagando aqui, mas eu acho que também tem um pouco sobre isso, sabe? Deles se verem e eles verem o próximo. É assim, eles me cobram muito cara as fotos, muito. Eu fui essa semana no centro e eles me pediam: você está me devendo uma foto.


Então tem gente que eu nunca vi e que veio me falar: você é o fotógrafo? E aí já me pede pra tirar foto.


Eu não sei se eu fui muito longe no que você falou, mas eu acho que tem um pouco disso de registro histórico, tem um pouco isso de se enxergar, principalmente as mulheres, as mulheres trans, essa galera. Elas têm uma questão com elas mesmas.


Então eu acho que é muito mais do que a foto. E aí também tem essa questão de eles se fotografarem, que nem você comentou. É outra pegada.


Porque uma coisa sou eu fotografar do alto do meu privilégio, do alto da minha posição, com a minha roupinha e com a minha câmera de sei lá quanto. É uma coisa. E eles, uma coisa é ele mostrar a realidade dele no olhar dele, o dia a dia dele. O Marquinhos, que eu citei agora há pouco, eu tenho um ensaio dele aqui. Tem umas 40 fotos, que ele mesmo fotografou.


Henry Milleo

Antes da gente entrar nessa parte. Você falou que estava divagando, mas eu acho que não, cara, porque se você for ver, o homem é um ser social. Então você tem os teus amigos que provavelmente você tem foto com eles no celular ou tem em algum momento importante.


Eu tenho foto das pessoas que eu conheço, das pessoas que eu gosto. Então tem muito disso, dessa coisa.


Porque você passa por ali, você vê que o cara precisa de comida, precisa de roupa, precisa de um cobertor. Isso é essencial. Mas ele também precisa ser visto, ser ouvido. Também precisa mostrar quem está com ele ali.


Se não tem você fazendo a foto, o que sobra do Marquinhos pra eles?


Pedro Chavedar

Exato. Eu vou te falar. Uma das coisas que eu mais ouço é isso: “você tira foto dos meus amigos, você tá com a gente”.


É você parar e conversar. Eu começo pela conversa e às vezes eu nem fotografo. Às vezes eles só precisam naquele momento para trocar uma ideia. Às vezes eu tiro uma selfie com o celular, meto um migué ali e tal. Troco uma ideia. Mas é como você falou: ser visto, entendeu?


E aí o ser visto no meu modo de ver, é ele ser fotografado, ele ser fotografado com o amigo. O que eu tenho de foto de casal, por exemplo.


É o amor. A gente não pode esquecer que existe amor também, né? Eles relacionam, eles têm amor, raiva, ódio, enfim. É beijo na boca, enfim, é assim. É casal querendo tirar foto junto.


Talvez seja a única foto que o casal vai ter na vida. A gente tira foto com a nossa mulher a cada segundo e os caras vão ter uma foto só na vida.


Tem um casal, que é o Dentinho e a Dona Maria. Toda vez que eu encontro com eles, ele pede para eu fazer uma foto dele com ela. Você encontra ele três dias da semana, ele toda vez pede. É aquilo, pra ele talvez esse é o momento do amor dele, entendeu?


Você vai ser visto pela foto, pela conversa, Eu já vi cara de falando: “Fulano. Ninguém mexe com o fotógrafo. Ele tira foto nossa”.

Aí eles me botam na parte do negócio pelo simples fato de eu registrar o dia a dia deles. É muito louco isso, cara. É muito louco porque eu não faço parte, entendeu? Mas você tá dando atenção.


Henry Milleo

Talvez faça parte - e aqui eu estou fazendo um tipo Mestre Yoda - mas você faz parte, porque age do tipo: eu sou um ser humano e eles são seres humanos, entendeu?


Tem diferença social? Claro que tem. O Brasil é um país com um abismo social gigantesco, mas isso não quer dizer que você não possa ser gentil com uma pessoa.


Pedro Chavedar

Sim, sim, é o fato de parar assim, sabe? A gente é muito louco, né? A gente anda correndo de um lado para o outro, vendo o celular, está todo tempo atrasado e pensa: Ah, meu Deus, eu vou ser demitido.


Às vezes a gente só olha para o lado humano. Mas essa questão da população em situação de rua é uma parada tão normalizada. Eu falo que é uma parada que faz tão parte do cenário urbano que a gente já acha que é parte da cidade, que é normal.


Tipo, pensa para você ver. Se você vê uma praça sem ninguém. Você vê um dia você vê dois dias, vê três dias sem ninguém. Você vai achar estranho, você vai falar: caracas, cadê as pessoas que estavam aqui?


É lógico, não tem que ter ninguém ali, entendeu? Então essa gente é tão parte da arquitetura das grandes cidades que a gente normaliza, como se fosse uma paisagem.


Mas é só o fato de você olhar que você vai ver que é uma pessoa. Por isso que eu faço umas fotos muito de perto, porque é para mostrar a mão mesmo, os detalhes. Tipo, o cara tem uma verruga, o cara tem uma tatuagem, o cara tem uma maquiagem, a menina usa um batom. É uma escolha.


São humanos como nós, mas com todas as suas dificuldades e com todas as suas complexidades. E mais, falando assim na questão visual da imagem, tem todos esses detalhes que são detalhes que as pessoas têm, mas isso não é normaliza a pessoa. Isso é você. Você não está distante, entendeu?


Você não está mostrando essa é uma pessoa em situação de rua. É claro que o trabalho é sobre isso. O projeto é sobre isso. Você deixa claro. Estou fotografando pessoas em situação de rua, mas eu estou fotografando pessoas.


Henry Milleo

Você chegou a pensar claramente nisso ou foi uma coisa como você diz, que cresceu tendo contato, nunca teve uma diferença, ou foi uma coisa normal?


Você pensou: eu vou fazer retratos. Vou fazer retratos de pessoas.


Pedro Chavedar

Foi consciente, cara. Foi assim: vou fazer retratos de pessoas em situação de rua e eu quero mostrar que aquela ali é a dona Maria, tem 40 anos, como se ela fosse um, sei lá, um professor, um jogador de futebol e - vamos dizer entre aspas - a profissão.


Eu estou fotografando uma pessoa, que está em situação de rua, ponto. Como se fosse um estado daquele momento. Eu parto do princípio que ela é uma pessoa, que ela tem uma história e que ela tem motivos. O estar na rua é só o estado daquele momento.


Eu poderia fazer isso com torcidas organizadas, por exemplo, Eu poderia fazer isso com médicos, eu poderia fazer isso com padres, poderia fazer isso com qualquer coisa, porque o objetivo é mostrar que elas não são uma massa homogênea de pessoas em situação de rua. Elas são a Joana, a Teresa, o Marquinhos, a Kimberly, o Alexandre. E aí abre porque ela tem isso, isso, isso. É que nem se pegasse um estádio de futebol, se eu fotografasse o estádio de futebol inteiro.


Você acha que é uma torcida de futebol. Mas quem é que está na cadeira 18 no 35? Ah, é o Ricardo, que mora na Zona Sul e tem oito tatuagens.


Eu acho que a lógica é mais ou menos essa. Eu queria tirar um pouco essa maçaroca de clichê.


Bem, talvez seja isso, mas muito inconsciente. Acho que no inconsciente foi muito natural, sabe? Eu acho que foi muito uma coisa assim, que foi fluida.


Henry Milleo

Mas em algum momento você chegou a pensar na estética disso? Para ter uma unidade com o conjunto do trabalho em si?


Pedro Chavedar

Sim. Eu bebi em algumas referências. Bruce Gilden, David Alan Harvey, tem um italiano, o Matarazzo, um cara que eu gosto muito, que eles usam uns flashs. Foi meio que nessa linha.


No começo eu usava flash, mas eu parei de usar um pouco flash, basicamente por preguiça mesmo, eu confesso. Mas eu até penso em voltar de novo. Então a estética... e aí agora conversando com você, talvez eu queria algo um pouco mais suave.


No começo eu queria basicamente chocar. Então o flash vinha também um pouco pra isso. De uns tempos pra cá eu tentei fazer algo mais leve, mas isso pra mim também foi muito natural. Mas a estética foi também. Não sei se acalmei um pouco meus ânimos. Não sei se fiquei menos puto com a situação das pessoas, sabe? Não sei se foi algo meu naquele momento que eu quis enfiar goela abaixo, sabe?


Mas a estética foi pensada em retratos. Retrato mais fechado. Antes eu fazia com 28 fixa, depois eu comprei uma 24-105. E aí eu botei o zoom, então faço mais fechado ainda.


Eu já chego perto às vezes um pouco mais ainda, pra pegar bem no rostinho assim mesmo, sabe? Mas a estética foi pensada, sim.


Henry Milleo

Porque, como eu disse, é quase óbvio um fotógrafo, se ele não parar pra pensar nessas coisas, ele acaba caindo em um clichê visual.


Mas entrando na parte em que eles se fotografam. Como é que surgiu isso?

Porque como eu vejo essa parte. Você falou que a gente está sempre correndo e fotografando, mas essas pessoas não. Elas já vivem normalmente num outro ritmo. A fotografia também foi assim? O resultado da foto deles?


Mas antes de você falar do resultado - eu só falei aqui para não perder o fio da meada da pergunta - como que foi entrar nessa questão do dizer: vou jogar a câmera na mão de vocês e vocês vão fazer o material.


Pedro Chavedar

Cara, isso aí é interessante, porque na verdade eu comecei a fazer isso em 2016, se eu não me engano, mas eu fazia com câmera de filme, câmera analógica e aí eu fiz algumas vezes, tem até os negativos aqui, até hoje. E aí, beleza. Aí passa um tempo aí. Loucura de vida lá e tal.


E aí, de uns tempos pra cá, eu tenho feito com aquelas clássicas cybershot pequenininhas. Eu comprei uma ou duas nessas antiguidades da vida, paguei lá 50, 60 reais.


A ideia, na verdade, é que em determinado momento eu comecei muito a me questionar sobre o que eu tava fazendo, e sendo bem sincero assim mesmo, o que é que eu queria com isso?


Porque tem aquele questionamento, de explorar a pobreza, de ganhar dinheiro em cima dos caras e não sei o quê mais. Você é um abutre, essas coisas.


Enfim, eu me questionei muito. Isso para mim já tá muito bem resolvido. Eu cheguei em determinado momento, eu comecei a me questionar e eu pensei: cara, como é que será que essa galera vê a vida deles?


E eu chego lá e eu sou um intruso naquele lugar, certo? Eu sou tipo, literalmente um turista, vamos dizer assim. E eu me questionava muito sobre isso. Teve uma vez que eu conversei com o cara, fiquei conversando com ele muito tempo e era uma noite. Era um sábado à noite. E aí, papo vai, papo vem, eu cumprimentei ele e falei: e aí mano, vai pra onde? V’ambora! E ele apontou para o chão. Tinha uns papelões no chão, e ele falou: “eu vou pra lá”. E isso sempre me pegou.


Porque assim. Uma coisa sou eu ir fotografar. Mas e eles ali? Então a ideia dessa pegada, que eu ainda evoluí pouco com ela, mas é algo que eu quero evoluir mais.


Porque eu acho que a visão que eles têm da rua obviamente é completamente diferente da visão de quem está de fora. Eu citei rapidamente o Marquinhos - o cara que faleceu. Eu deixei a câmera com ele e o que tem de foto borrada, o que tem de selfie dele. Talvez fosse ele querendo se ver. O que tem foto de cachorro, que sãos os melhores amigos. O que tem de foto dos amigos...


E aí é legal contar uma curiosidade aqui. Eu deixei a câmera com o Marquinhos e ele foi roubado. E eu encontrei ele alguns dias depois, ele desesperado e ele me entregou a câmera.


Ele foi roubado e ele ficou desesperado, correu pela cidade inteira e achou a câmera numa feira de rolo lá no centro da cidade. E ele foi falar com o cara: “essa câmera é minha”.


E o cara falou: “Mano, cala boca. Câmera sua. Sai daqui!” E ele insistiu. “A câmera é minha. Pode olhar aí. Tem tal foto, tal foto, tal foto, tal foto”. O cara começou a mexer e tinha as fotos e o cara foi lá e devolveu a câmera para ele.


E ele veio assim todo com a câmera na mão. Aí ele me contou essa história e me pedia tanta desculpa, ele pedia tanta desculpa, porque também tem uma questão aí de confiança, entendeu? Tipo, eu pego a câmera - uma câmera que pra mim custa 50, 40 conto - mas era o fato de eu dar uma câmera na mão dele. É um símbolo de confiança muito grande.


Então tem isso também, tipo, de fazer essa troca de confiança com eles, de eles serem responsáveis por algo que não é deles. E a questão de eles verem a rua com os próprios olhos e cara, tem uns resultados muito bons.


Então esse é um projeto que eu preciso abraçar mais, expandir mais e que eu acho que dá pra fazer resultados assim incríveis.


Henry Milleo

Só fazendo um parêntesis. Essa história da câmera que foi roubada. Talvez seja porque quando você tem tão pouco, o pouco vale muito, entende?


Pedro Chavedar

Exato.


Henry Milleo

Então aquilo era mais uma coisa que estava com ele, que estava sob a responsabilidade dele. Tanto quanto o cobertor que ele usa para dormir, ou a caixa de papelão que ele consegue arrumar, ou os cachorros que ele atende, ou o boné que ele leva na cabeça.


Aquilo tem uma importância maior.


Você acha que o resultado da fotografia dele, por mais que tenha coisa borrada - e que faz parte - e as fotos dos cachorros têm mais importância? Que ele dava uma importância maior para esse material que ele fez? As pessoas que ficaram com a câmera fotografando eles dão uma importância maior do que você olhando?


Analisando assim: isso daqui, tecnicamente não vai funcionar, não vai servir. Porque você olha e você sabe que isso daqui provavelmente não vai entrar no que quer que seja o final do projeto, seja um livro, um Instagram ou qualquer coisa do tipo.


Pedro Chavedar

Cara, eu vou falar pra você, talvez eu dê mais importância pras fotos deles do que para as minhas. E eu acho que eles dão importância para aquilo que eles fizeram. Eu acho que alguns, sim.


Henry Milleo

Você deu alguma explicação técnica de como funcionava a câmera?

Obviamente que sim, mas você não deu uma explicação de fotografia básica, tipo: regra de terços. É uma fotografia muito mais instintiva, não?


Pedro Chavedar

Isso. Eu falo pra eles assim: essa é a câmera. Tá vendo aqui? Aqui que liga, aqui que desliga. Aqui é o zoom... E aí eu falo: mano, eu quero que você fotografe o seu dia a dia, o que você quiser e o que for importante pra você.


Eu quero ver como que é o seu dia a dia. Claro, passa essa ideia, esse roteiro. E aí vai.


Você falou de importância. Por exemplo, o Marquinhos. Ele era um cara que dava importância, porque ele gostava de foto também.


Ele até tirou foto com a minha câmera. E tem um outro mano, que está lá na casa de acolhimento agora, que eu encontro ele semana sim, semana não, ele pede câmera para fotografar.


Teve uma outra menina que ela fotografou faz muitos anos que ela fez lá umas zoeiras e já deu, não se interessou muito.


Mas eu acho que no geral o eles dão importância. Eu não lembro de alguém que tratou o negócio fazendo pouco caso, sabe? Claro, eu também vejo quem tem um interesse. Tem alguns que gostam mais, que pedem mais pra ser fotografado e tem um cara que até me pediu até para dar aula pra ele.


Eu seleciono. Não vou em um cara que nunca me questionou, que nunca teve interesse, que nunca posou para fotografar. Mas têm alguns ali que eu sinto que acham legal.


Henry Milleo

E o que você aprendeu com isso? Claro que como ser humano você aprende muita coisa, mas como fotógrafo, como quem está trabalhando na rua, não necessariamente só com pessoas? O que você aprendeu com eles, com esses projetos?


Pedro Chavedar

A questão de grupo é uma coisa importante. A gente é muito individualista, a gente é muito egoísta, a gente é muito… A gente pensa na gente e nosso ciclo e vamo que vamo. A gente não tá nem aí.


Mas com eles é diferente. Eu já vi cara recebendo um pedaço de pão e divino com o cachorro. Dividindo um cobertor. É bem clichezão, isso mesmo, mas os caras são muito grupo, sabe? São muito fechados, são muito humanos. Se eu tiver que doar para você um pé de meia e ficar com um pé de meia, eu vou passar metade do frio, você passa metade do frio e ninguém passa um frio inteiro.


Então é essa questão de troca, de empatia, de coletividade, de pensar muito no grupo. Isso é uma coisa que eu aprendo sempre.


Henry Milleo

E na fotografia? O que você aprendeu? Alguma visão diferente, ou algo assim? Ou consolidou algo que você já tinha como certo para a tua carreira de fotógrafo?


Pedro Chavedar

Eu acho que essa questão de gente. Eu sempre gostei de gente, eu sempre prefiro gente. E eu acho que essa troca que a fotografia tem. Enxergo muito isso. A Fotografia pode ser um elo para você conhecer gente. E contar histórias. Eu falo que a fotografia em si é o menos importante de tudo, sabe?


Antes de um clique ali eu tenho que conversar. Às vezes eu passo semanas sem fotografar. Às vezes eu fotografo 80 fotos que a pessoa quer. Eu sempre falo que a fotografia é o menos importante das coisas mais importantes que eu tenho ali, porque tem gente que eu nunca fotografei e já me ensinou muito. Tem gente que eu fotografo 1 milhão de vezes e cada foto é diferente, então eu acho que também tem paciência.


Diferente da galera de hoje em dia, né? A galera hoje em dia é muito imediatista. Essa geração mais nova é muito imediatista, é tudo muito rápido. E para você fazer umas fotos dessa na rua, para fazer fotografia de rua, tem que esperar aquela luz, esperar aquela pessoa passar, esperar aquele melhor enquadramento.


E isso talvez foi um aprendizado. Às vezes eu tenho que fazer três, quatro fotos ali para conseguir. Mas também, por outro lado, uma coisa que eu aprendi é estar sempre esperto, porque às vezes o cara vai querer tirar uma foto e ele cansa. Ele fala não mano, não quero mais e vai embora.


É igual coisa de futebol, de fotografia de esporte, de saber a hora. O casamento. Botar aliança. Se não fotografou, acabou. Então eu acho que também ficar esperto. Não na questão de segurança, mas de ficar esperto de saber a hora, sabe?


Não adianta você chegar num lugar com a câmera intimando para tirar foto. Você é um intruso ali, entendeu? Claro, tem alguns lugares com alguma pessoa ou outra - raras exceções - que eu chego mesmo. Falo: “mano, vamos tirar foto aí”. Mas é o mínimo do mínimo. No geral eu chego com a câmera pendurada e troco uma ideia. Então ter essa paciência e saber a hora, entendeu?


Você saber a hora de disparar. Ter calma, respirar, ver se é isso mesmo, ver se a pessoa quer, ver se ela está bonita. E aí, quando estiver pronta, você também tem que está pronto.


Henry Milleo

Eu sempre falo que o retrato é um diálogo.


Pedro Chavedar

É isso mesmo. Tem coisas que precisa saber. Por exemplo, as mulheres. Elas querem arrumar o cabelo, elas querem ficar bonitas, elas querem usar brinco, batom, se arrumar.


Às vezes elas querem tudo isso, então você precisa entender o momento. Entender essa troca. E quando a pessoa está chateada, você troca uma ideia você não fotografa, abaixa a câmera. E no dia seguinte se ela estiver mais feliz, você faz uma foto.


Isso é uma conquista.


Você falou do diálogo e isso é fundamental. Se a pessoa não estiver confortável do outro lado, fica uma porcaria.


Henry Milleo

Bem, para começar a finalizar, para não ficar muito longo isso aqui: para onde vai esse projeto?


Pedro Chavedar

Essa é a pergunta de 1 milhão de reais, mano. Eu não sei.

Mas eu já pensei em parar várias vezes. Não vou mentir para você e nem para a galera. Já pensei em parar e o ano passado eu estava muito correndo, estava trabalhando na prefeitura aqui da cidade, estava aquela vida louca e aí eu fotografava menos e eu comecei a me questionar muito sobre isso.


Eu também tive contato com a galera da assistente social, vi de perto como funciona o processo, enfim, conheci também outros lados e comecei a me questionar mesmo: para onde vai exatamente isso?


E aí eu achei uma vertente que é o meu podcast, né, que a gente comentou um pouco. Porque às vezes eu fotografava essas pessoas e deixava as histórias comigo, ou às vezes eu fotografava e contava para minha mina, contava para minha mãe. Às vezes fazia um post com uma legenda ali, meio meio furreca, mas ficava muito só comigo mesmo.


Hoje eu digo: Só eu tô sofrendo? A sociedade tem que ver isso e tem que entender esse momento. E aí eu abri essa aba e comecei a ouvir as histórias em áudio mesmo, como a gente está fazendo aqui. E aí essa foi uma vertente que eu puxei e eu estou gostando bastante, porque eu também divido um pouco da minha ansiedade e da minha angústia com o que acontece.


E aí eu também dou chance para outras pessoas conhecerem essas histórias e também se sensibilizarem ou também se machucarem, porque são histórias tristes, são histórias que magoam. Só minha mulher sabe, só a minha esposa sabe como é que eu chego aqui em casa durante as entrevistas ou as conversas. Então também esse foi um lado que eu puxei para tentar desaguar um pouco.


E a segunda possibilidade que eu ainda vislumbro são duas. Que uma já está rolando, que é esse podcast e a segunda que eu quero fazer um livro reportagem com pessoas que conseguiram sair da rua. Se estabilizaram. Porque geralmente quando a gente está na rua, a gente fala ou vai morrer ou vai ficar eternamente aí, ou vai ser preso.


É muito difícil precisa de muita força, tanto das pessoas que estão na rua, quanto dos governantes. Não é todo mundo que consegue, mas tem gente que consegue.


Tem quatro pessoas que eu tenho contato que já conseguiram sair da rua. E eu estou nesse diálogo pra tentar entrevistá-las e fazer um livro reportagem. E a ideia é mais ou menos essa. Mas para onde vai?


E esse livro é algo que precisa amadurecer mais, porque também a galera às vezes não quer retomar as histórias. O cara está bem e não quer lembrar do momento ruim. Também não sei até que ponto isso é prejudicial pra saúde mental dessa galera, então eu preciso entender um pouco melhor.


Mas até agora esses são os dois caminhos aí que eu estou traçando aí. São caminhos interessantes, né? Tanto o podcast quanto o livro reportagem, quanto uma mostra ou um livro de fotos.


Eu queria fazer talvez um livro de fotos, ou uma amostra, ou sei lá, um calendário, alguma coisa assim com as fotos que a galera clicou na rua.


As que eles fizeram. Mas isso aí também é muito difícil, porque tem gente que já faleceu. E aí como é que eu vou ter o direito? Se precisar achar família? Aí ferrou. Então tem muita burocracia e coisas que eu preciso organizar.



Quem vai participar? João, Maria, Teresa? Dez pessoas? Aí esses caras precisam fotografar. É responsabilidade. É um bagulho que demanda um pouco de organização.


Eu também preciso colocar no meu norte, mas talvez seja um resultado legal sim.


Henry Milleo

Até porque em um projeto fotográfico o que menos você faz nele é fotografar ou organizar fotos. Mas é isso, Pedro, eu queria te agradecer por esse papo de dizer que sou fã desse teu trabalho.


Eu vejo as fotos, eu escuto o podcast - inclusive eu queria pedir para você dizer aonde que o pessoal te encontra, onde é possível ver esse material do vida loka, onde que eles escutam o vida loka?


Pedro Chavedar

Cara, primeiro agradecer obviamente a você, sou muito fã do seu trabalho. Também te admiro. É um prazer estar aqui é um prazer estar no seu projeto que eu ouço também.


Me animou também pra montar os projetos. Eu agradeço muito, muito mesmo, com muito carinho. Quero agradecer também todo mundo que ouviu aqui essas minhas falas desconexas e sem muito sentido. Mas eu sou assim mesmo, eu vou falando e as coisas vão aparecendo na minha cabeça.


E a galera me encontra nas redes sociais. Basicamente Instagram, que é onde eu posto muita coisa. Então as minhas coisas estão no Instagram, que é @pedrochavedar. O podcast ele tá no Spotify Vida Loka Também Fala. E eu também coloco no YouTube, caso da galera prefira ouvir por lá.


O Vida Loka Também Fala sai a cada 15 dias, dá duas semanas por mês. São duas entrevistas. Já tem umas 18 ou 19 lá no Spotify.


E é isso, cara. A ideia é botar essa galera para falar, botar eles pra contarem eles mesmos as próprias histórias e se a gente conseguir mudar um pouco a história de cada um, já que ajuda demais. Obrigado de novo.


Henry Milleo

E eu queria só lembrar a vocês que todas essas informações das redes sociais do Pedro estarão aqui na descrição do episódio.


E quero pedir para vocês me seguirem também no Instagram @henrymilleo. Para vocês seguirem o Arquivo Raw que é @arquivo_raw. Fiquem bem, até a próxima. Ciao!.



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