Elliott Erwitt: o gênio da criatividade
Olá pessoal,
Hoje eu vou falar sobre o Elliott Erwitt, o gênio da criatividade que nos deixou recentemente, aos 95 anos.
Esse que foi um tema indicado por um ouvinte do Arquivo Raw.
Mas antes eu quero lembrar que se você também tiver alguma dica, comentário ou crítica, você pode enviar através do Instagram, ou pelo formulário aqui no site.
Além disso, no final desse texto você tem os links para as fontes de pesquisa que eu usei para esse conteúdo e também links para você conhecer o trabalho do Elliott Erwitt.
Mas chega de papo e vamos para o episódio.
Uma câmera após a outra
Elliott Erwitt nasceu em Paris, em 1928, e quando tinha 10 anos, migrou com a família para os Estados Unidos.
O interesse de Erwitt pela fotografia começou na adolescência, com uma câmera de chapa de vidro que ele comprou logo que o pai o deixou, aos 16 anos, e ele precisou ganhar a vida sozinho.
Foi assim que ele descreveu o que seria o seu nascimento para a fotografia. Ganhando a vida uma câmera após a outra.
Ele arrumou um emprego em um laboratório, onde aprimorou a técnica fotográfica e para aquele garoto solitário e meio tímido a fotografia se tornou uma companhia para toda a vida.
Ele descreve a fotografia como carreira e como hobbie, e descrevia a si mesmo como um fotógrafo profissional que também fotografava como um amador.
Para ele, a fotografia tratava de reagir ao que você vê, sem preconceitos. Dizia sempre que era possível encontrar uma boa fotografia em qualquer lugar, bastava perceber as coisas ao seu redor e organizá-las de uma forma criativa.
Observador e amante da vida
Erwitt sempre se definiu como alguém apaixonado pela humanidade e pela vida, um sujeito preocupado em observar a comédia humana.
E ele capturou tudo o que o mundo pôs em seu caminho. Pessoas e seus cães, o humor da vida, a comédia trágica da condição humana, a tensão política da guerra fria e muitas visões dos mais diversos cantos do mundo.
Em 1932 ele viu a foto do homem saltando sobre uma poça de água na Garre Saint Lazar, feita pelo Cartier-Bresson e foi nesse momento que ele disse ter entendido que o mundo tinha muito a oferecer para aquele que fosse observador e curioso sobre o lugar e o tempo onde estava.
Em 1953, aos 25 anos, ele foi convidado pelo Robert Capa para fazer parte da Magnum, onde ele cobriu histórias para revistas como Life, Look e Holiday, publicações importantes da era de ouro das revistas.
Ele permaneceu membro da agência Magnum até sua morte, em 2023.
Elliott Erwitt é uma dessas pessoas que nos viu como os seres humanos que somos.
Captou a nossa essência e, apesar disso, nunca deixou de se maravilhar com a nossa existência e a nossa humanidade.
Ele adorava a vida. Adorava observar e testemunhar tudo. Os movimentos mais rápidos, momentos de silêncio, os anônimos e os famosos. Tudo era objeto de interesse para ele.
E ao capturar as muitas formas e pessoas deste mundo, Elliott Erwitt tornou-se o fotógrafo que capturou a complexidade da vida.
A câmera: uma extensão de si mesmo
Ele fez da câmera uma extensão de si mesmo, o que impressionou até Cartier-Bresson, que não entendia como era possível ele estar fotografando uma pauta com sua Rolleiflex e, ao mesmo tempo, fotografando instantâneos bem humorados dos bastidores com sua leica M3, sem descuidar de nenhuma das duas visões.
Aliás, ele usava preferencialmente uma leica M3 com filmes kodak tri-x, o que criou um padrão para o seu trabalho, com fotos contrastadas e granuladas, que ele dizia representar bem o “ritmo e a fúria da vida”.
A relação dele com a câmera era de sinergia e cumplicidade
Há quem diga que a conexão dele com o equipamento - essa conexão quase espiritual - era tanta, e o domínio dele da criatividade para compor era tão intenso que ele quase poderia fazer o que fazia, mesmo estando de olhos fechados.
O fato é que ele tinha essa coragem e estava sempre tão livre da ansiedade de fotografar estranhos, que é por isso que a fotografia dele soa tão natural.
E ele levou essa curiosidade para todo lugar onde foi ao redor do mundo e incorporou isso em suas fotografias, não importando o assunto ou a personagem. De Nixon a Fidel, suas fotos mostram não um momento engessado, mas o movimento contínuo da vida.
Os cachorros
Erwitt também fotografou cachorros. Muitos cachorros. Ele era apaixonado pelos animais e achava que era justo incluí-los nesse grande arquivo da vida que ele retratava.
Além disso, ele dizia que os cachorros não se opunham a serem fotografados e não pediam por cópias das imagens.
Algumas das suas fotos mais bonitas e singelas, bem como algumas das mais famosas, são de cachorros.
Mas tudo tem dois lados e a maioria das pessoas reconhece o seu trabalho apenas por essas fotos, sendo que isso era apenas uma pequena - mas bem pequena mesmo - porção de todo o trabalho que ele fez.
Elliott Erwitt era um cara que levava a sério não ser levado a sério. E essa personalidade refletiu em suas fotos. A ironia, a comédia, a beleza e o desconhecido do mundo.
Legado
Elliott Erwitt nos deixou como legado uma questão: qual a importância de fotografar alguém ou alguma coisa, para além do ofício da fotografia? É uma forma de se conectar com o mundo, de construir, de documentar ou imortalizar?
Talvez seja tudo isso combinado. E talvez seja essa uma das grandes lições que a gente aprende vendo o trabalho do Elliot Erwitt.
E é isso. Eu fico por aqui, lembrando sempre para você seguir o Arquivo Raw no Instagram, porque é por lá que eu vou avisar da estréia da próxima temporada do podcast.
Fiquem bem, até a próxima temporada. Ciao!
Links de pesquisa utilizados neste episódio
Links para trabalhos de Elliott Erwitt
Henry Milleo
Fotógrafo
Editor de Fotografia
Criador do Podcast Arquivo Raw
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