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W. Eugene Smith


 
W. Eugene Smith


Tudo ao mesmo tempo com W. Eugene Smith


Olá pessoal,


Hoje eu vou falar sobre o William Eugene Smith, ou W. Eugene Smith, como ele é mais conhecido.


Se você gosta de single shot, aquela foto única onde em apenas um quadro o fotógrafo diz o que queria dizer e mostra o que queria mostrar, provavelmente o Eugene Smith não é para você.


Mas antes de entrar nesse tema, eu quero lembrar ainda têm alguns exemplares dos fotozines do Arquivo Raw para venda. Basta você conferir os títulos disponíveis no stories que está afixado no perfil do Instagram do podcast, escolher qual te agrada e mandar uma DM para garantir o seu.


Toda grana da venda dos fotozines vai para manter o podcast no ar, então essa é uma forma de você ajudar o Arquivo Raw.


Mas, chega de papo e vamos lá!


Fotografia e justiça social

William Eugene Smith nasceu em 1918, em Wichita, Kansas. Quando adolescente, em 1934, ele presenciou o suicídio do pai por conta da seca do Rio Arkansas, que levou muitos fazendeiros à falência.


Esse evento criou nele uma profunda noção de justiça, que iria nortear boa parte do seu trabalho na fotografia.


Em 1939 ele entrou para a equipe da revista Life, o lugar certo para o fotógrafo certo. Eugene Smith gostava de se aprofundar nos temas e a revista gostava de grandes reportagens ilustradas por fotografia, então foi como juntar o útil ao agradável.


Um trabalho dele, chamado Country Doctor, publicado em setembro de 1948, é considerado a primeira reportagem fotográfica extensa a ser publicada em uma revista. O trabalho tem 38 fotos no total e a Life publicou 27. Isso em um tempo que para publicar era preciso espaço, era só papel, não tinha o “veja mais no site”.


Para essa reportagem, Smith passou várias semanas acompanhando o trabalho do doutor Ernest Ceriani, que atendia populações isoladas no estado do Colorado.


O que seria uma pauta simples, dessas que provavelmente você já viu por aí, do atendimento à saúde em locais isolados, ele transformou em um trabalho de força e de ação social.


Outra reportagem que também trouxe luz sobre assuntos que permaneciam nas sombras, foi a cobertura da situação precária dos trabalhadores em minas de carvão, no país de Gales.


Uma das imagens mais marcantes desse trabalho mostra três homens, pai, filho e avô – representando três gerações de mineiros – com os rostos sujos de carvão em uma paisagem desolada.


Esse seria um dos nortes do trabalho dele: temas de impacto retratando pessoas vivendo em situações degradantes, em busca de seu sustento.


Em 1951 a Life publicou o trabalho de cobertura do cotidiano miserável dos trabalhadores rurais na Espanha franquista. Eugene Smith teve que fugir do país pela fronteira com a França para que seu material não fosse confiscado pelo governo do ditador Francisco Franco.


A reportagem atraiu a atenção da comunidade internacional para o problema.


Rompimento com a Life e entrada na Magnum

Mas nem tudo era um mar de rosas entre ele e a Life Magazine.


Em 1954 ele rompeu o contrato com a revista depois que ela publicou um material que ele havia feito, acompanhando um médico alemão no Gabão, de uma forma que ele não concordava, editando o material e a sequência de forma diferente da que ele havia indicado.


A obsessão de Eugene Smith com o seu trabalho não era apenas pela fotografia, mas pelo tema. Ele acreditava que as fotos tinham uma importância como testemunha e prova, mas que era o assunto que elas mostravam que realmente importava. Como eu sempre digo: o que importa não é a foto, é a história que ela conta.


Mas, como todo bom fotógrafo, ele não caiu para baixo, ele caiu para cima, e no ano seguinte já fazia parte da célebre agência Magnum, que é referência para a fotografia autoral, trabalho para o qual ele era perfeito.


Mas a obsessão dele também trazia alguns problemas.


O primeiro trabalho dele para a Magnum foi um panorama fotográfico da cidade de Pittsburgh, que apresentava elevados índices de poluição decorrente da atividade industrial.


Esse trabalho estava previsto para ser feito em um mês com a entrega de algo perto de 100 negativos, mas a obsessão dele acabou estendendo o trabalho por dois anos, gerando algo perto dos 13 mil negativos e uma gorda conta para a Magnum pagar do bolso.


The Jazz Loft Project

E se você acha que isso é suficiente, para ele não era. Em 1957 ele mudou para Nova York, montou um estúdio de gravação em seu apartamento e começou a convidar músicos de jazz para fazerem performances que ele gravava e fotografava.


Ele passou oito anos nesse projeto pessoal, que foi chamado de The Jazz Loft Project, um projeto que é visualmente forte, historicamente importante e, acima de tudo, lindo.


Minamata

E como fotógrafo trabalha até o fim da vida, em 1971 ele casou e mudou para a cidade de Minamata, no Japão, para documentar os problemas vividos pelos habitantes em decorrência da poluição da água com mercúrio e outros metais pesados que eram descartados por uma indústria nos rios da região.


Ao longo de três anos ele acompanhou a situação e foi lá que ele fez uma de suas fotos mais emblemáticas, que mostra uma mãe dando banho em seu filho em uma banheira. O menino nasceu com má formação por conta da contaminação da mãe durante a gravidez e precisava ser auxiliado em absolutamente tudo.


Essa imagem correu o mundo e chamou atenção tanto da comunidade japonesa quanto da comunidade internacional para o problema. Ele publicou um livro sobre isso, que foi lançado em 1975.


Tem um filme sobre essa história, chamado Minamata, onde o Johnny Depp faz o papel do Eugene Smith. Vale a pena assistir.


Legado

William Eugene Smith morreu em 1978, após sofrer um AVC, mas suas fotos e a forma como ele mergulhava em um tema, usando a fotografia como arma de justiça e igualdade, mudaram a forma como boa parte dos fotógrafos que vieram depois dele norteiam seus trabalhos e suas carreiras.


E é isso pessoal. Espero que vocês tenham curtido esse conteúdo e fiquem ligados que em breve eu volto com mais nessa pré-temporada do podcast.


Fiquem bem, até a próxima. Ciao!



 

Links de pesquisa utilizados neste episódio










Links para trabalhos de Eugene Smith








 


Retrato do fotógrafo Henry Milleo

Henry Milleo

Fotógrafo

Editor de Fotografia

Criador do Podcast Arquivo Raw


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